Uma
mulher que trabalha duro e procura acertar naquilo que faz não merece
isto. Ainda mais na última madrugada do ano, eu cansada, fisicamente
fragilizada. Sim, estava de inspirar dó. Por isso ninguém me venha querer dar
razão a ela. Tenho eu culpa de que, além de tão sensível, a bandida seja tão
perturbada? Se percebeu que eu ia, por que não se valeu de sua propalada
prudência e se afastou? Não. Ficou ali. Quase trombamos. Depois, a melhor
parte. Pra ela, é claro. Nos minutos de angústia que puseram à prova meu coração
sofrido, pensei em desistir, deixar tudo. Precisava pensar rápido. Ela
tomava espaço, eu andando para um lado e outro, vendo tudo perdido, ninguém ao alcance de meus gritos emudecidos. A única arma de que me poderia valer naquela situação estava perto
dela... Engano meu, felizmente. Arrisquei e localizei outra arma. Precisei de
coragem para percorrer alguns metros que me deixavam exposta. Consegui.
Disparei metade da munição, eu acho. Foi pressão pra todo lado, ora com
tendinite, ora sem tendinite, pra descansar o braço. Enquanto eu disparava, o
mundo parecia desabar sobre mim. Não sei se já me vi tão aturdida antes. (Ah,
sim, já! Mas isso não vem ao caso, agora.) O fato é que parei, achando
que aquilo já era o bastante. O peito também achava. O coração daquele jeito,
quase a saltar pela boca. Esperei a fumaça baixar. Cadê coragem pra saber do sucesso,
ou do recomeço da história de terror? Aaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhh! Ela estrebuchava
ainda, aquela filha de uma peluda nojenta. Quase sucumbo eu debaixo daquela
nuvem de piretrinas e piretroides. Droga! Por que barata demora tanto a morrer?
Para desenojar, leia Amor em um parágrafo.
Para desenojar, leia Amor em um parágrafo.