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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Prefácio para Algibeira Brasileira

Você encontra o livro de André Gusmão aqui


Sem dúvida é uma algibeira o que esse frequente escritor carrega consigo. Sem tranca, sem tampa, cordão frouxo que seja. Os bens que guarda aqui na verdade nos apresentam um homem a abrir a guarda sem medo do flagrante que o revela completamente humano — seguro, frágil, temeroso, imprevidente, esperançoso, destemido, sonhador, impulsivo, cego, lúcido.

André Gusmão costura no corpo, como um saco preso à roupa, toda a sua bagagem. Carrega em suas andanças os constantes apelos à felicidade, que, por vezes, talvez ainda pense encontrar no outro. “Ela tinha o amor estampado na cara”, mas ele desconfia de que seu “espelho” o traz de volta a si mesmo, à compreensão de sua história. Conhecendo-se mais, torna inesgotável sua capacidade de sentir o outro e de se fazer percebido.

Ao leitor de Algibeira Brasileira é dada a força das verdades do autor, de seus confessos tropeços, de seus comemorados soerguimentos. Isso não e tudo, porém. André brinda seu público com a beleza das imagens forjadas por um discurso que se desloca — durante o tempo em que amealha ideias e sentimentos — de um português nascido nos sonhos cultivados em terras brasileiras para a mesma língua em velhas vestes, sotaque de além-mar.

Aglacy Mary 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Pé esquerdo

Um chão de Córdoba - Espanha
Foto: Aglacy Mary


Dizem-me as pedras,
Descobrindo meu calcanhar,
Que um dia indaprendo
Os chãos que devo pisar.



sábado, 24 de dezembro de 2011

A quem educa boiada

 
Que quer um pai quando ao filho
entrega a sorte de ser
um boi a mais na boiada?
Se é mais fácil se iludir
no conforto de dizer
que o rebento vai ter companhia,
difícil será resgatar
um nome no meio do pasto,
um jeito de ser singular
no meio da zona plural.
Agora o que vale é a marca,
forjada a ferro ou a sedução,
Feito aquele jeans da moda. 
Agora são todos iguais...
Não que tenham mais direitos,
mas porque mesmo os defeitos
são produzidos em moldes.
Agora são todos felizes,
com planos onde não cabe o humano.
Ser gente vai ao nível do impossível,
ter ética passa a ser bem do passado.
Ainda queimo os miolos
para dar resposta à questão:
que quer um pai quando ao filho
entrega a sorte de ser 
um boi a mais na boiada?