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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Microcontos - 2


Era tempo de Copa, mas ela ficava na cozinha, inventando de tudo sem que ele lhe desse bola.

"Trinta segundos, meu bem". Assim lembrava a madame elefante antes de receber as nove toneladas de marido para mais uma noite de amor.

Era tão faltoso no corpo a corpo que resolveu mudar de time. Foi jogar vôlei.

Distinto que era, fez planos para o futuro do filho, mas esqueceu de incluir o filho.

Olhou pro céu de lá e viu seu balão lindo, subindo, sumindo. Olhei pro céu de cá e havia um balão vindo, caindo, consumindo...

Disseram que poderia ter um mundo novo e bem melhor. Quando viu o preço, decidiu ficar com o seu bom e velho mundo.

Acordou. Descobriu que sua mulher se fora depois de 25 longos anos. "Ufa! Ela deixara a empregada".

Ele pedia, a mãe comprava. Ele pedia de novo. Ela de novo comprava. Ele não tinha mais o que pedir. Ela nunca soube o que lhe dar.

Dona de um consciencioso discurso, saiu a tempo de fazer nova chapinha pra tentar domar a rebeldia que o DNA plantara em sua cabeça.

Todos pensaram que ele morrera quando ela lhe deitou a chaleira de água quente pelo ouvido. Viveram juntos até o fim. Ele surdo, ela rouca.

Vestiu roupa e joias exclusivas. Perfumou-se à altura. No carro importado, pediu ao motorista que lhe abrisse a janela. Jogou o chiclete.

Ao lado do pai, que guiava o Opala, tinha a sensação de que esquecera algo importante. Já em casa, lembrou: deixara a mãe no cemitério.

Sonhou que chupava picolé de coco. Sonhava alto. Na manhã seguinte, pagou mil dólares pela diária do hotel.

Viveu trinta anos remando contra a maré. Em cinco minutos, viu a vida ser levada pelo rio. 

domingo, 27 de junho de 2010

Microcontos - 1


Viam-se pela primeira vez, fora daquela rede social. Apreciaram todos os caracteres um do outro. Mais de 140 cada. Logo nasceu um blog.

Era tão minuciosa na limpeza que aspirava até o pó facial da patroa.

Ele propôs, logo que viu suas curvas estonteantes: Nós dois numa ilhazinha deserta... E ela, imaginando o coqueirinho solitário: Ô tédio!...

Melhor seria dar a ré, mas preferiu alongar o caminho; sua autoestima era tão pouca que não queria o risco de se encontrar com o retrovisor.

Sem pontaria, ensaiou os olhos de véspera e usou uma de cano mais longo. Mirou e TEI! Queria ver não acertar o bicho-de-pé. Manca até hoje.

A Lua em Vênus, o escorpião pôs tudo na balança e imaginou, perturbado: ela sendo virgem, há risco de gêmeos? Mudou de ideia: pediu peixes.

A esposa, avarentamente amada, estava morta. Agora ele cobria de regalias a astuta carpideira. Enfim, só.

O menino com a bola na rua. O homem só dando bola pra Lua. A bola salta o muro, o menino vai atrás e zás! Uma vida por um fio. Desencapado. 

Ela precisava saber. Ele confirmou. Ela o quis mesmo assim. Não voltaram, outra vez qualquer, ao assunto. Nada mais dito, nada mais sofrido. 

Naquele prédio, a janela dela nunca escurecia. No meio da noite, seu corpo era cansaço, mas as melhores ideias impiedosamente o acendiam.

Adorava olhos de sogra. Retirou os da sua antes de lhe fecharem o caixão.

O vendedor de quebra-queixo terminava o dia na porta do maior protético do bairro, de quem recebia gorda comissão. 

Naquela vila os homens eram tão grosseiros que não se pôde mais jogar baralho: as cartas delicadas mudaram-se para o tabuleiro de damas. 

A promotoria venceu. O júri considerou: uma maçã não é motivo para que alguém perca o Paraíso. Foi condenada a sete mangas e uma jaca. 

Não podia mudar a estrada, trocou então os sapatos.

Desde que a tecla enter de seu pc emperrou, só publica microcontos aquele escritor.
 
Você pode gostar de ler Microcontos - 2 Microcontos - 3  Microcontos - 4
 

sábado, 26 de junho de 2010

O que é Sergipanidade?

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Foto: Aglacy Mary

Sergipanidade é o conjunto de singularidades que caracteriza o modo sergipano de lidar com o seu patrimônio — a língua, a arte, a fé, o trabalho, as festas —, bens comuns compartilhados com outros grupos. O que somos está impresso em nossa alma e se expressa através da geografia que nos define, da mistura étnica que nos deu origem, da história que nos constitui, de tudo o que construímos e através daquilo pelo que nos encantamos.
O grande desafio a esse estado de espírito está na condução do natural interesse pelo outro. Em um inevitável contexto de globalização, a comunicação massiva aproxima muito os diferentes, e isso provoca identificações. Garantir uma identidade hoje significa construir formas de diálogo entre a nossa cultura tradicional e outras tão diversas. Não é prudente fechar os olhos para essa realidade, no mínimo porque se paga a pena de ver perder-se a riqueza que há na troca. É fundamental, porém, que se preserve e conheça a própria história, as próprias raízes, o que nos mantém únicos na rica paleta de cores, embora em constante processo de identificação.
Penso que o advento do turismo como atividade financeira dá força à ideia de que, só na (re)descoberta de suas qualidades, o sergipano pode encontrar-se saudavelmente com o que vem de fora. Nossos produtos culturais mais genuínos são o que nos torna interessantes; reconhecê-los é o que deve consolidar um nível de autoestima tal que anule o desejo de ser o outro e a dependência de ser aprovado por ele.
Flexibilidade é palavra-chave nessa temática, opondo-se ao conceito de uma identidade rígida. Que nos mantenhamos lúcidos para lidar com todo esse movimento relacional não nos perdendo das nuanças que nos distinguem. 

Aproveite o embalo e leia também A renda irlandesa é sergipana e Amendoim cozido agora é patrimônio de Sergipe.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Amendoim cozido agora é patrimônio de Sergipe


Amendoim é um objeto cheio de segredos. Pra começo de conversa, a gente nunca sabe direito como classificar o danado. Sim, ele é uma planta que tem legume - você deve ter lembrado dos feijões e da ervilha, né? Pois é. Uma caixinha curiosa que, ao contrário das outras, nasce embaixo da terra e não se abre, por livre vontade, pra liberar suas sementes. Cheio de charme. 

Se você quiser conhecê-lo melhor, pode começar cultivando a planta. Espere a flor nascer e se curvar e se enterrar para depois gerar o amendoim. Depois você vai colher e cozinhar as vagens, que guardam os grãos. A experiência vale ainda mais se você tem por perto uma criança sem ideia sobre a origem dessa delícia. Pronto pra cozinhar, posso até dar a receita, que, em Sergipe, é especial: água, sal e limão numa panela, simples até para quem desconhece o caminho do fogão. Mas acho melhor mesmo indicar o caminho do nosso Mercado Thales Ferraz, que reúne muitas outras curiosidades.

A vantagem de ir ao Thales Ferraz para comprar amendoim cozido - cozido assim e consumido do jeito que é, não se encontra em outro canto deste país - está no pacote cultural que você ganha de brinde (se quiser leia mais). Lá você tem também a possibilidade de escolher, entre os vendedores, as vagens mais ou menos secas, que guardam grãos mais ou menos molhadinhos, conforme seu gosto. Desde menina adivinho seu conteúdo só de olhar. Meu pai me flagrava separando, um a um, aqueles de que mais gosto - os que têm o tecido interno da casca na cor marrom escura (visão de raio X) -, pois o grão estará durinho e menos salgado. Depois é só reunir os amigos e ir comendo sem conseguir parar, ou até encontrar juízo fora da desculpa de que o Arachis hypogaea é rico em proteína.

Nas praias sergipanas, é muito comum que as pessoas nos bares sejam abordadas com a oferta de um mundo de amendoins em um grande cesto. "Quantas latas?" - pergunta o vendedor depois de ter deixado umas três vagens bem escolhidas em sua mesa. A iguaria é, em grande parte das vezes, o que se aprecia antes de se fazer qualquer pedido de comida num barzinho. Se você estiver esperando alguém, faça contagens regressivas brincando de comê-la devagarinho, grão a grão, apostando no momento em que sua companhia vai chegar. Esse lado brinquedo do amendoim também se revelava em minha infância, quando fazíamos brincos simplesmente forçando um tantinho de uma das extremidades da casca. Agora era só colocar a pontinha da orelha ali dentro e começar o desfile com um acessório muito singular. Fazia também graciosos barquinhos, que flutuavam sobre a lâmina d'água do rio (banheira de minha irmã) Poxim. 

Vixe! Esses flagrantes de infância trazem a minha lembrança a preocupação de minha mãe com a limpeza do amendoim, sobretudo porque eu não conseguia ainda romper a vagem com a pressão dos dedos; então ia tudo à boca, casca e grãos e boa quantidade de sal que a casca retém. A propósito, alguém conhece quem, estando na rua, lave amendoim antes de comer? Talvez minha irmã mais velha.

Em tempos de festejos juninos, o amendoim cozido se espalha pelas ruas de Aracaju. Por gente de toda idade, ele é mais consumido do que o juízo de Santo Antônio o é pelas moças casadouras. Eu estou no meio dessa gente, que é capaz de comer mais amendoim do que milho no São João.

Anos depois de publicar este texto, eu o edito para registrar esta maravilha de notícia, vinda da Assembleia Legislativa de Sergipe, em agosto de 2013: Sancionada lei que torna amendoim cozido patrimônio sergipano.

Anavant, que o Mercado está aberto desde cedo!

Fotos: Aglacy Mary (Abaís, jan/2010)

sábado, 19 de junho de 2010

No lume da fogueira


Lembro-me dos dias quentes em minha rua. Quentura de madeira ardendo em briga com a chuva nem sempre fina que muitas vezes teimava em cair. Fogo pra saudar o santo, pra assar o milho, pra fazer compadres. Lembro-me das rodas formadas por pares num baile de cores, quadriculados, chitas, babados e flores. Nos ensaios, "repete o xote pra acertar!", "trocar de par!". Ô hora boa pra encontrar os olhos do bem-querer. Tão boa quanto aquela em que, correndo de um buscapé, parava nos braços de quem se queria, até que o bicho estourasse. Ali havia medo real, mas surreal era o desejo de que o tempo do chiado até o instante do bum! fosse eterno. Era quando estourava também o coração da menina em caminhos de ser moça.

Dias bons, em que os sobressaltos tinham motivos mais simples, previsíveis. Às vezes esses dias voltam. Basta a gente fazer. Bandeirinhas penduradas, um trio tocando forró de verdade, cheiro de milho, barulhinho de amendoim cozido se achando fora da casca, chuva que obriga a gente a se abrigar... O buscapé eu passo. Troco-o pelas batidas de mãos e pés na hora de "quebrar o caranguejo". Anavant!

Leia também O que é sergipanidade.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Será mago?

Esbarra num livro aos 19, decola como escritor aos 57, encontra seu Pilar aos 64 e vai morar num vulcão, aos 70. Será mago?


Saramago
(Azinhaga, Golegã, 16/11/1922 — Lanzarote, 18/06/2010)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A renda irlandesa é sergipana

Estou sempre me reapaixonando pelas coisas do lugar onde nasci. Essa talvez seja uma de minhas práticas de 'sustentabilidade cultural'. Gosto da arte que se faz por aqui e divulgo o que me dá gosto.

No ano passado, redescobri a renda irlandesa e quero que o mundo a conheça.  Como atingir o mundo é muita pretensão, mirei alguns alvos. Aprendi: quem quer aparecer pendura melancia no pescoço. Mexi um pouquinho nessa ideia e este ano pendurei no pescoço o que eu queria exibir: um pequeno objeto de arte feito por divinas mãos de alguma pastora. De branca renda irlandesa é feito meu porta-celular. Tão leve como o caroço da melancia, ganhou apenas o pouco peso do conteúdo, ao qual já estava adaptada. 

Desconheço o nome da mestra rendeira que criou o risco definidor da peça e o da artesã que, movendo a agulha e o lacê sobre o debuxo, naquele conversê com tantas outras, produziu minha nova riqueza. Mas sei que é assim que se faz. Em grupo, todas seguindo o traço da mestra, de modo que se apropriam daquilo coletivamente. 

De tanto andar com o meu 'colarzinho' pra todo lado, descobri que muita gente desconhece o fato de a renda irlandesa ter o título de Patrimônio Cultural do Brasil, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 2008. O título foi concedido ao  modo de fazer renda irlandesa, e a referência é o artesanato produzido no município sergipano de Divina Pastora.

Esse modo de fazer renda irlandesa guarda saberes tradicionais que nos levam à Europa do século XVI ou XVII, quando missionárias italianas criaram esta e outras rendas de agulha, um conhecimento que chegou à Irlanda.  Com a vinda de missionárias irlandesas para a região sergipana do Vale do Cotinguiba, a arte se difundiu no lugar. As rendeiras de Divina Pastora são responsáveis pelo resgate desse bem que carrega a história da mulher brasileira desde o Brasil Colônia.
  
Para chegar mais perto desse tesouro, fale com a Associação para o Desenvolvimento da Renda Irlandesa de Divina Pastora - ASDEREN: (79) 3271-1306, 9929-4031 e 8122-0174.

Eu fico aqui, toda orgulhosa de ter uma peça tão fina andando comigo quase sempre. Viva Dona Sinhá e Dona Marocas e Dona Dina e Dona Alzira e Dona Ester e Dona Gilda e Dona Edileuza... Viva a mulher rendeira!

domingo, 6 de junho de 2010

Quando canso


Que ideia é esta de encarar uma centena de pequenos textos para revisar e um livro de quase 500 páginas (o livro é coisa de amiga, porque não sou revisora), tudo ao mesmo tempo? Quero dizer ao mesmo tempo em que converso com Edmê e Clouse no msn. Com a primeira, em pretendido francês, que ela é chique que só, uai! Com a segunda, em português mesmo, porque em italiano (la ragazza), só daqui a uns meses. No ar está também o agora universitário Davi, com quem falo em tuitês, a 140 por ideia. Sem contar umas chamadas a que respondo no gmail e as ligações que preciso fazer por telefone, pois amanhã é o início dos preparativos finais pro 'Arraiá do Bem-querer', uma invencionice das boas, que leva a gente, do embalo deste teclado pros botões de uma sanfona.
Felizmente tenho juízo. Se canso olho "a palha do coqueiro quando o vento dá" e paro pra alimentar um blog recém-inventado, movida ainda, desde ontem, a John Coltrane, com direito a uma pausa para a 'Conversa de Matuto', quadro do Programa 'Nação Nordestina', apresentado, nas manhãs domingueiras, por Paulo Correa na Aperipê FM 104,9 e com a participação, hoje, do poeta João Brasileiro.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Um salto



E quem me encontrar 
num fim de tarde
verá as dissonâncias 
que saboreio, 
sentirá o perfume 
dos mais inusitados versos,
ouvirá todas as nuances de cores
que põem minha consciência
em desalinho.







Você também pode ver o Entardecer.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

E o pau comeu

Aquela sexta-feira foi mais ou menos boa. No último minuto da tarde, consegui um disputado bilhete para o cobiçado Festival Internacional de Jazz. Dali foi apenas o tempo de chegar ao apartamento, tomar um banho, comer uma salada, pôr uma roupa e sair. Casa cheia, ambiente cult, a noite fazia muitas promessas. Quando a banda argentina estava dando o melhor de si, tive que sair para atender a um chamado. Coisa de quem adota o tal aparelhinho que vibra sem fazer escândalo.

Alinhavada a situação desastrosa, não cabia mais voltar ao teatro, mas resolvi voltar à rua. Afinal, precisava vingar-me do desperdício de meu preciosíssimo ingresso. Estava verdadeiramente aborrecida. Agora minha vontade era a de abater o primeiro que aparecesse à minha frente. Não seria a primeira vez. Minha iniciação já contava uns bons 40 anos. Nessa coisa, pelas bandas do nordeste, a gente começa cedo.

Atravessei o calçadão e ali mesmo, a uns 200 metros de casa, fiz a primeira provocação. Enfrentaria dois de vez, pra começar. Sou de fé, mas tenho cautela. Demorou um pouco pro cara do outro na cara. A turma em volta estava tão ansiosa quanto eu. Quem não vivia a tensão da primeira vez, embalava a expectativa de sentir-se novamente no comando daquele duelo, que prometia sempre gozos indescritíveis. Só consegui enfrentar um. O outro caiu nas (des)graças de Xavier, que chegou inesperadamente. Teria dado conta. Mas uma companhia, nessas horas, é mesmo bem-vinda. As mãos de meu amigo agiam sôfregas. Ele se mostrou — nenhuma novidade nisso — mais ágil que eu. Mas não tão minucioso. Nisso ninguém me superava. Encerro o serviço com uma eficácia de causar espanto. Deixo a cena como se cena não tivesse havido.

Xavier animou-se. Provocou mais uns. Aderi. Parceiros são assim. Ponto e nó. Vieram. Valentes, esses inspiravam maior temeridade. Tanto pela aparência, mais severa, quanto pelo tamanho e pela postura com que se colocaram diante de nós. Xavier foi gentil, cedeu-me a dianteira. Se fosse possível, consumaria aquilo num só golpe. Meu parceiro percebeu certa aflição e veio em meu socorro. Queria ter feito tudo a mãos nuas, mas tive que me valer de um robusto pedaço de madeira com quem divido o mérito nessa peleja. Ao primeiro sinal de resistência, pôde-se ouvir aquela pancada objetiva, certeira, inconfundível. Daí em diante, aquilo tudo de novo. O serviço precisava ser concluído. Com estratégia, paciência, disposição. Xavier resolveu-se como de costume: ferocidade de macho, dentes à mostra, negando chance a quem ousasse querer uma.

Ainda não satisfeitos, mas sendo vencidos por uma sonolência vinda não sei se da força gasta, ou de algo que bebericamos, voltamos aos nossos redutos, caminhando pelo calçadão da praia. Eu era, de novo, a boa e frustrada apreciadora de jazz com a sorte de ter um vizinho como Xavier, que desfez o silêncio que fazíamos agora:

— Estavam deliciosos. Pena que só demos conta de quatro.

— É o peso da idade. Domingo a gente come mais. É bom aproveitar; não sei se sabe, mas, nos meses sem "r", eles estão sempre melhores. Setembro vem aí, abrindo uma temporada ruim até fim de abril. Por isso, sou partidária do Cebolinha. Por mim, a plimavela tlalia setemblo; o mês das clianças selia outublo; o ano findando chegalia a novemblo e o anivelsálio do Menino Jesus acontecelia em dezemblo. Assim, nós telíamos calanguejo goldo o ano inteilinho.

Nós dois rimos muito e fomos dormir como anjos.

História contada na Aperipê FM e publicada no jornal Cinform.
Leia também A renda irlandesa é sergipana.

Pão literário


Deixe de esperar o dom literário. Alimente o sujeito com histórias pela manhã, Meireles e Drummonds à tarde, mais histórias à noite. Na massa desse pão, são bem-vindas provas de textos científicos e de fatos da vida real.
Muda o mundo, fortalecem-se as estruturas.