Lembro-me dos dias quentes em minha rua. Quentura de madeira ardendo em briga com a chuva nem sempre fina que muitas vezes teimava em cair. Fogo pra saudar o santo, pra assar o milho, pra fazer compadres. Lembro-me das rodas formadas por pares num baile de cores, quadriculados, chitas, babados e flores. Nos ensaios, "repete o xote pra acertar!", "trocar de par!". Ô hora boa pra encontrar os olhos do bem-querer. Tão boa quanto aquela em que, correndo de um buscapé, parava nos braços de quem se queria, até que o bicho estourasse. Ali havia medo real, mas surreal era o desejo de que o tempo do chiado até o instante do bum! fosse eterno. Era quando estourava também o coração da menina em caminhos de ser moça.
Dias bons, em que os sobressaltos tinham motivos mais simples, previsíveis. Às vezes esses dias voltam. Basta a gente fazer. Bandeirinhas penduradas, um trio tocando forró de verdade, cheiro de milho, barulhinho de amendoim cozido se achando fora da casca, chuva que obriga a gente a se abrigar... O buscapé eu passo. Troco-o pelas batidas de mãos e pés na hora de "quebrar o caranguejo". Anavant!
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