|
Noite de fado em Lisboa |
Que não me falte a solidão.
Que eu entenda
Que minha mãe é minha mãe,
Meu amigo é meu amigo,
Meu amante é meu amante.
Que uns e outros me dão presença,
Compartilham bens,
Mas uns são uns,
Outros são outros,
E eu sou quem tem que saber de mim.
Sou a dona do percurso,
Autora dos recomeços
E de todo meio depois dos fins.
Que não me falte a solidão.
Que eu não me esconda daqui de dentro,
Que não lhe imponha que me ampare,
Que eu só use parapeitos
Para demorar meus olhos sobre paisagens.
Que não me falte a solidão.
Que ela me tome em dias quentes,
Que me acometa em noites altas,
Que me dê sentido e direção,