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terça-feira, 25 de novembro de 2014

Porção extra de lume


no retrato da sala,
ele viu
a muda de lume
que carrego cá dentro,
no lado meio esquerdo
da vida,
pro caso de o ocaso
se acender mais cedo
em mim.

não que eu precise
de tempo.
a poesia,
em sua falsa calmaria,
é quem quer
mais horas em meu peito.

por isso vamos,
meu amor,
ajustar
agora mesmo
as cortinas do sol.

Confissão


eu me confesso.

gosto deste manto
escuro
que me cobre o corpo
desde em volta dos olhos
até onde o chão quase
me toca.

eu me confesso.

assenta-me bem
a longa veste
de noite sem lua
sob coroa de crespos
que exibe da nobreza
o título.

eu me confesso.

guardo em mim,
de Da Vinci,
Newton e Goethe,
toda a paleta.
confesso. sou tudo.
sou preta.