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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Composição

Foto: Aglacy Mary | São Pedro da Serra (RJ)

Quando o poema nasce,
não é letra ainda.
Muito menos verso.

O poema na fonte
é dor,
às vezes sangue.
É prazer,
às vezes gozo.

À janela do mundo,
assiste às certezas
que passam
e tornam vãs as pontes,
expectateia
a chuva e o mormaço.

No meio do mundo perfeito,
ele por fim se anuncia,
e nada mais será

como fora um dia.  

Lúcida ignorância

Eubrincandoco'apalavra

Peguei gosto pela palavra,
mas nunca varei suas brenhas,
passagens de fundo de gaveta
que até hoje me assombram.

Peguei mesmo amor por ela,
mas um amor medroso,
que desassunta razão.
Apenas sente e mente
que sabe mais que o sentir.

De uns versos para cá,
ando mais adivinhando
seus perigos:
sei que por ela se morre,
sei que fere e sei que mata.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Passageira


todo dia treze eu vou.

vou me reduzindo ao fogo
que arde dentro
que é minha força
eu mesma
acesa em tudo à volta
eterna labareda.


todo dia treze.

queimo lentamente
a lista de compras
e os cartões de crédito
e me vão sobrando os poemas
e as pontes por que passaram
e as portas por onde entraram.

todo dia.

Amariana


De aguar


Acontece de um dia
a história ter outro fim:
em vez d'eu me banhar de mar,
o mar se inundar de mim.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Achado do dia

"De dentro" em São Pedro da Serra (RJ)

Achei que tudo era tão pouco,
achei que pouco era tão simples,
achei que simples era tão bom, 
achei que bom era belo, belo, belo.

Só mais um

Foto: Aglacy Mary

Acostumada a doses 
duplas de tudos,
no dia em que provei
alma pura,
embriaguei-me de nadas.

Floração

Minha orquídea, de nome JT

ninguém me salvará
do último botão
que se abre
e abre
em mim
o princípio
do caminho
que me leva ao fim

Repetição

Foto minha: pelos caminhos de Nova Friburgo
Indagorinha nasce 
um amor impossível.
Tão impossível quanto
o que ontem eu deixei ir
à procura de outro
amor impossível.

Desjejum

Foto minha: lindo pedaço de vida em São Pedro da Serra - RJ

O dia se precipitou
na acidez de um chão
de cachos azuis.
Logo ali,
anunciando o
o homem,
fumegou-se todo.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Calepino


tenho palavra que brinca
brinca e chora
diz que venha
vá embora

tenho palavra que pede
pede e dita
às vezes sussurra
às vezes grita

tenho palavra que é salto
salto e algema
dá solução
traz problema

tenho palavra que nutre
nutre e mata
às vezes basta
às vezes falta

Social


Às vezes não canto
nem danço.
Às vezes
não me recomendo.

Achadinho


no meio do caminho 
tinha um arbusto
que por ali
se arbustava
há muito

sozinho

no meio do arbusto
um bichinho
dessabia
que morava
num arbusto
sozinho